Gilvan Pereira da Silva Lima
Consultor REDEM – Brasil
Um dos principais argumentos utilizados contrários à inclusão de crianças e demais pessoas com deficiência na rede regular de ensino é que, devido o despreparo de professores, escolas com salas de aula superlotadas e a maioria das escolas ainda não contar com atendimento educacional especializado, acessibilidade, interprete de Libras, auxiliar de vida escolar, mobiliários adaptados, material pedagógicos em Braille ou em outros formatos acessíveis, recursos de tecnologia assistiva, comunicação alternativa, somado a outros problemas educacionais, alunos com deficiência são excluídos do processo educacional mesmo dentro da própria sala de aula.
É fato que muitas escolas da rede regular e demais instituições de ensino ainda precisam se preparar para educar na diversidade, no conviver com as diferenças e combater a exclusão de alunos com deficiência e/ou com necessidades educacionais especificas inclusive dentro das salas de aula. Óbvio que apenas colocar alunos dentro do ambiente escolar sem os auxílios necessário tanto a esses quanto aos profissionais da educação não é inclusão.
Porém, não se resolve a questão do despreparo profissional, da falta de acessibilidade, mobiliários e materiais pedagógicos adaptados, inclusivos e tampouco se combate a exclusão escolar tão somente a teorizar a educação inclusiva, a escola perfeita para incluir e sim, efetivando a presença do aluno, removendo barreiras arquitetônicas, pedagógicas, metodológicas, comunicacionais, pragmáticas e atidudinais.
Capacitando e dando apoio aos professores na prática do ensino inclusivo de qualidade. Haja vista que, tanto o despreparo de muitos profissionais da educação, bem como a falta de acessibilidade e outros auxílios inclusivos mais nos ambientes escolares, são consequências do longo tempo em que o ensino convencional se manteve ausente, desobrigado de prestar qualquer atendimento educacional às pessoas com deficiência.
Suponha-se como exemplo a questão de salas de aula superlotadas, apontadas como um dos principais fatores de exclusão de alunos com deficiência dentro da sala de aula. Argumenta-se que, se o número de alunos por sala fosse menor, de no máximo de 15 a 20 alunos, a inclusão de alunos com deficiência na rede regular de ensino seria mais viável.
Porém, não seria de estranhar se mesmo tal meta fosse alcançada e se houvesse disciplina e bom aprendizado, se tentasse incluir um aluno com deficiência entre os 15 ou 20 outros alunos, possivelmente se argumentaria que estava indo tudo tão bem. Os alunos estavam aprendendo satisfatoriamente, se algum aluno com deficiência fosse incluído iria desandar tudo, pois não haveria como trabalhar com os demais e dá atenção a esse aluno. A exclusão histórica de alunos com deficiência gera resistência, desconserto e compromete a qualidade do ensino tanto quando superlotação de classe.
Não se trata de culpar professores, responsabilizando-os como os grandes culpados pela exclusão escolar, uma vez que o despreparo tanto educacional quanto a exclusão dentro da sala de aula quanto nos demais aspectos e ambientes sociointerativos são resultantes da exclusão sociocultural ao longo da Historia.
Tampouco se trata de tentar incluir de qualquer jeito, a qualquer custo como muitos contrários ao movimento inclusivo erroneamente alegam, e sim, porque excluir como forma de resolver algo, tem se excluído desde sempre e o resultado é esse: um sistema sociocultural e educacional despreparado para a diversidade e excludente desde inicio.
Se incluir alunos com deficiência (e como incluir, entenda-se o desenvolver e acompanhar o processo na prática, detectando e buscando soluções para os desafios e dificuldades de inclusão educacional na prática e não negliciando alunos com deficiência na sala de aula) no ambiente socioeducacional não consolida, resulta em efetiva inclusão dos mesmos, também é fato que tampouco será mantendo-os afastados do convívio com os demais, tão somente esperando que todos os problemas da educação sejam solucionados e as instituições de ensino estejam preparadas para incluir sem participarem ativamente do processo construtivo inclusivo que se fará efetiva inclusão escolar.
Se o convívio socioeducacional que é apenas o inicio do processo inclusivo, não basta para que se mudem atitudes de preconceito e de discriminação e haja respeito e aceitação de alunos e demais pessoas com deficiência, tampouco é retirando ou mantendo-os privados do acesso à educação que surgirá uma educação, uma sociedade que os respeitará, os incluirá, pelo contrário, é garantindo-lhes o acesso e permanência na educação e demais espaços sociointerativos, orientando e esclarecendo alunos, pais, profissionais e demais pessoas sobre o direito de alunos, pessoas com deficiência de frequentarem os mesmos ambientes sociais, de usufruir dos mesmos bens, de exercer direitos e deveres cívicos que se combaterá o preconceito e discriminação.
Uma vez que, o que desrespeita, discrimina, inferioriza, aniquila com a cidadania, dignidade de uma pessoa, de um ser humano é ser e/ou permanecer excluído seja da sala de aula, escola ou qualquer espaço, ambiente social porque tal espaço, ambiente sociointerativo ainda não foi preparado tanto física quanto atitudinalmente para recebê-lo por falta de conscientização e de ações concretas para mudar essa situação.